O conjunto de impressões de um jovem advogado acerca do Direito, da Vida, do Universo, e tudo mais.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
@lvíss@r@s
sábado, 25 de julho de 2009
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Negociando Honorários
(24.07.09)
Charge de Gerson Kauer |
Por Rafael Berthold,
advogado (OAB-RS nº 62.120)
Marido e mulher decidem contratar um advogado para mover uma determinada ação judicial. O problema seria a questão dos honorários. Eles eram pobres, mas não eram bobos. Fariam uma criteriosa pesquisa de preço com, no mínimo, três amostras, antes de contratar alguém.
Amostra 1: o filho da vizinha.
O menino, que frequentava a casa dos consulentes, desde que usava fraldas, recém havia se formado e atendia na mesa de jantar da casa dos pais. Indagado sobre os honorários, respondeu, gaguejando:
– Olha, a questão não é tão simples: demandará alguns anos e muitas idas ao foro. Isso sem contar as audiências e....
– Ok, quanto isso vai nos custar? - interrompe dona Sovínia, já angustiada.
Pelas têmporas do menino toma curso a primeira gota de suor. Ele não quer trabalhar de graça, mas não quer perder os clientes. Também não quer desapontar os amigos da família que acreditaram tanto em sua competência. Premido, nem bem pode ponderar e chuta o primeiro valor que vem à sua cabeça:
– Duzentos reais! Fica muito ruim?
A mulher levanta-se indignada:
- Duzentos reais?! Depois de todos os bolinhos e cachorrinhos quentes que servi pra você lá em casa, quando sua mãe lhe deixava lá? Vamos embora! É só se formar em Advocacia e a pessoa já fica besta, mesmo!
Amostra 2: o super advogado bem sucedido.
– Bom dia!
– Bom dia! Temos hora marcada com Dr. Writ Heróico.
– Pois não. São quatrocentos reais adiantados, só pela consulta.
O casal cruza olhos arregalados. Dona Sovínia, simulando uma inexistente tranqüilidade, volta-se à recepcionista:
– Veja só. Esqueci meu talão de cheques no carro. Vamos lá buscar e já voltamos.
Amostra 3: o experiente e famoso profissional da Advocacia.
- ... Então, o caso é esse, doutor! O que o senhor acha?
– Moleza! Já cuidei de muitos casos assim. Inclusive, enquanto vocês falavam, eu já peguei uma petição de um caso igual, coloquei o nome de vocês, já imprimi e já assinei. Aqui está ela. Podem sair daqui e já distribuir no foro. A propósito, são vinte mil reais.
- Vinte mil reais?! Mas você nem teve trabalho algum! – exclama o Sr. Mísero.
– Sem a minha assinatura é de graça!... - e o causídico rasga, na petição, a parte que contém sua assinatura.
Com essa atitude o profissional esperava que o casal se impressionasse o contratasse. Não foi o que aconteceu. A mulher rapidamente pegou a petição, agradeceu e saiu.
De volta à amostra nº 1.
- Então, foi isso que aconteceu e aqui está a petição daquele experiente advogado.
– Que bom que vocês decidiram me contratar. Bem, então, são duzentos reais.
– Duzentos reais? Mas você só vai ter o trabalho de assinar!
Cansado de avareza e traumatizado pelo último encontro, o jovem resolveu ceder.
– Cem reais, então.
A mulher, um pouco menos agitada, conforma-se:
– Ok. Mas em quantas vezes?
(*) E.mail: rafael@seb.adv.br
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Lei do Silêncio
Raça, Mortes, Direitos e a Falácia Post Hoc
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Sessão Copy-Paste

Uzistudantis
quarta-feira, 15 de julho de 2009
"Agora que sou presidente, esqueçam o que eu dife"....
“O que eu acho é que tem gestos de irresponsabilidade na constituição de uma CPI dessas, porque você pode pedir investigações da Receita Federal, da Controladoria-Geral da União [CGU], do Ministério Público, da CVM [Comissão de Valores Mobiliários]. Na verdade, a CPI pode ser muito interessante para quem quer fazer um carnaval. Para quem quer investigar seriamente era preciso ter um outro mecanismo”
"a CPI pode acabar em pizza temperada com pré-sal” pois os congressistas "são bons pizzaiolos”. Afinal, "Enquanto a oposição grita, eu trabalho”
"Nós queremos a CPI porque entendemos que a CPI é um instrumento que pode fazer com que as pessoas sejam obrigadas a comparecer para prestar depoimentos (...) Depois da experiência do (Fernando) Collor e do (Celso) Pitta em São Paulo, nós achamos que é importante que o Congresso Nacional sirva de instrumento verdadeiro de fiscalização do Poder Executivo. É para isso que ele existe"
A história da moral maior que um PIB.
Currupaco!
Momento Twitter
terça-feira, 14 de julho de 2009
Desigualdades Pessoais
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Jus Gentium
- A vizinhança chamou a viatura por causa da briga dos dois, Almir. Um bafafá da pêga lá no Alto do Urubu....
O escrivão Almir olhou os dois. Uma hora da tarde, um calor infernal na delegacia de telha de amianto. Esse pessoal não tinha mais o que fazer que não impedir a sua sesta?
- Sentem aí e esperem.
Almir terminou lentamente o cafezinho. Tragou pacientemente o cigarro. Pegou um rolo de fita para a a velha Olivetti sem nenhuma pressa, olhando para o casal, forçado a se sentar no mesmo sofá.
A mulher batia o pé insistentemente, e olhava para todos os lados, menos para o homem. Ele, com um bigodinho fino, a canela suja de cal, tentava disfarçar uma cara de menino inocente, sorrindo sempre em seguida, ante a própria incapacidade de fingir. Ela puxou:
- Bandido. Ordinário..... Dotô (virou-se para o escrivão) esse féladaputa quebrou meu DVD, meu sofá e a janela. Ainda me deu uma tapona e me jogou no chão, me ralei toda, ó (mostra os supostos arranhões, que não os vê)
- Isso é uma vadia, dotô, tá mentindo....
- Mentindo o que, seu sacana? Quem te deu o direito de quebrar o meu DVD? Quem te deu o direito de quebrar meu sofá?
- E quem te deu o direito de quebrar o meu coração? Quebrar meu sentimento? Isso vale mais que o DVD. Sua puta!
Almir, então no segundo cafezinho, gritou:
- Baixe a voz, porra! Tá pensando que tá onde?
- Mas dotô, e meu direito? Essa vagabunda arregaçou meu coração, pela segunda vez! Eu perdoei ela da primeira, não dá uma semana ela me apronta de novo?
- Que direito? Desde quando corno tem direito? Ainda mais reincidente? Fiquem aí os dois sentados pensando na vida, que eu tenho mais o que fazer!
E sorveu mais um gole de café.
domingo, 12 de julho de 2009
Eppur si muove....
"Esse fato ainda não está confirmado e está em julgamento. Não existe um processo que não tenha atestado de óbito, os advogados agora estão pedindo a exumação do corpo pra fazer o DNA, com a família da vítima, pra saber se é verdade ou não. Uns dizem que é um indigente, outros que o cara nem morto está. É uma enrolada tão grande que a gente fica perplexo com a situação. Mas isso será esclarecido brevemente e se realmente ele for culpado tem que pagar pelo que fez"

É evidente/Que morreu
E no entanto/Ele se move
Como prova/O Galileu
sábado, 11 de julho de 2009
Obama e a Bundagate

quinta-feira, 9 de julho de 2009
Bom é quem mata mais
"Os países emergentes estão ajudando a escrever um dos mais importantes capítulos da história do século 21"(...) "Há sinais de uma realidade nova, mais complexa e interessante tomando forma." (...) "Nós precisamos estar totalmente cientes da responsabilidade compartilhada por Brasil e China para ajudar a trazer reformas fundamentais na governança global de que o mundo precisa com tanta urgência"

domingo, 5 de julho de 2009
A encruzilhada de Honduras
Honduras e o Paroxismo da Democracia
Na manhã do último dia 28, tropas das forças armadas de Honduras, pequeno país da América Central, invadiram a residência do então presidente da República, prendendo-o e enviando-o em seguida para a Costa Rica. Mais uma quartelada numa república bananeira? Não. Por incrível que pareça.
Façamos um breve retrospecto. O ex-presidente Zelaya iniciou em Honduras o mesmo modus operandi bolivariano. Suscitou uma consulta popular de caráter plebiscitário para, declaradamente, mudar a Constituição, abrindo o espaço para reeleições sucessivas. Ocorre que as leis Hondurenhas não permitem tal procedimento na forma e no tempo, e com os objetivos, que Zelaya pretendia. O Congresso disse não. A Suprema Corte disse : “Pare”. Que fez Zelaya? Pregou abertamente a desobediência da ordem judicial, e tocou para frente o seu projeto.
Uma democracia de verdade se revela não somente pelo poder conferido à maioria, como pelas garantias conferidas à minoria, e, principalmente, o equilíbrio dos freios e contrapesos entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. Os Bolivarianos, seguindo o exemplo de Hugo Chávez e a dica dada por Antônio Gramsci, descobriram que a melhor maneira de solapar a “democracia burguesa” é utilizando os seus próprios instrumentos, e testando, a todo momento, a tolerância dos freios e contrapesos. Por isso Zelaya ignorou o Congresso e a Justiça: Para afrontá-los, humilhá-los, e controlá-los. Ocorre que os hondurenhos, sabendo como termina esse filme (vide Venezuela, Bolívia, Equador...) não “comeram reggae” do presidente. E aí começa toda a diferença.
A ação dos militares, por incrível que pareça, ocorreu dentro da lei e da ordem, respaldados por uma ordem judicial. O poder não ficou, nem por um segundo, entregue a uma junta militar, passado para o segundo na linha sucessória, o presidente da câmara. O ponto de estranheza para a maior parte das nações civilizadas é o fato de o ex-presidente não ter sido processado. Mas não existe impeachment nas leis hondurenhas. Presidente que avacalha é tratado como traidor, e existe como direito constitucional o direito de rebelião contra um presidente que usurpa o mandato recebido.
O mundo, entretanto, não se deu conta deste fato, e pressiona Honduras, quase à unanimidade, para que Zelaya seja reempossado, ignorando o fato de que a alternativa legal ao exílio é a prisão e o processo criminal. A menos, é claro, que eles acreditem piamente que o simples fato de o presidente ter sido eleito democraticamente lhe dá carta branca para fazer o que queira. Aparentemente, neste, todos passaram a acreditar na teoria “The president can do no wrong” (assistam, sobre isso, o filme Frost/Nixon, disponível em DVD).
E a reação internacional é risível. Hugo Chávez, que iniciou sua carreira num golpe de estado em 1992, que persegue opositores, enfeixa o poder em suas mãos e condena o intervencionismo nos assuntos internos da Venezuela, disse que o golpe é obra de “gorilas”, e que vai derrubá-lo; Cuba, uma cinqüentenária ditadura, cuja lista de mortes e torturas faria nossos milicos parecerem freiras carmelitas descalças, afirmou, porca misera, que “a época das ditaduras militares na América Latina já passou”; A OEA, que recentemente abanou o rabinho para o reingresso de Cuba nos seus quadros, segrega Honduras; A ONU, que deixou de intervir no genocídio no Sudão por questões semânticas, idem. Até os EUA, demonstrando que Obama não aprendeu a lição de Carter no Irã em 1979, surge agora patrocinando, indiretamente, o projeto chavista.
A diplomacia brasileira, pra variar, também ficou do lado errado. Abraçado com o ditador e terrorista líbio Kaddafi, com o genocida sudanês Omar al-Bashir, com o teocrata maluquete iraniano Ahmadinejad, o nosso presidente condenou a suposta ruptura democrática em Honduras.
Honduras está numa crise, no sentido exato da palavra. Decidiu, num primeiro momento, que o presidente não pode fazer o que lhe der na telha, e que está sujeito às leis como qualquer outro. Resta agora decidir se vai transigir nesta conquista. Rezo pela vitória do Império da Lei em Honduras. Enquanto isso (ainda) não ocorre, entretanto, sigo com a divisa do filósofo Ortega y Gasset: “Em toda luta de idéias, sempre que vires que de um lado combatem muitos, e de outro poucos, suspeitai que a razão se encontra com os últimos, e nobremente lhes preste auxílio”.