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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Um dia no parque - Versão AnCap

Quando as pessoas falam na "direita", nos "capitalistas", nos "neoliberais", etc e tal, falam como se fossem um bloco monolítico. Mas não são. Grosso modo, os liberais clássicos - que podem ou não ser conservadores, politicamente - reservam ao estado uma posição de árbitro nas relações sociais, com o mínimo de atribuições possíveis. Minarquistas, pois. Temos, nesse lado, F.A. Hayek, Ludwig von Mises, Milton Friedman.

Dou lado, temos os anarcocapitalistas (AnCap), libertários, a favor da eliminação de toda e qualquer atribuição do estado, a eliminação do próprio estado. Eles partem da premissa - verdadeira - de que os indivíduos se autorregulam para chegar ao paroxismo do Laissez-Faire. O libertários são fãs do uso do futuro do presente do indicativo em qualquer análise sobre como seria uma sociedade libertária. Temos cá Murray Rothbard, Ayn Rand, Hans-Hermann Hoppe.

Como idéias têm conseqüências, não pude deixar de rir quando li o texto abaixo, que mostra como seria um dia no parque num mundo libertário.

"- O Domingo começa como qualquer outro, uma vez que cada banco emite livremente seu papel-moeda e cada um tem taxa de conversão diferenciada para outro, devido a lastros distintos, todos tem que correr para a banca de jornal bem cedo para comprar um jornal com a planilha de conversão e fazer cálculos a cada compra.

- Então li que Chegou um parque de diversões na cidade, o contrato de entrada está estampado na propaganda (lógico, para tudo tem que ter contrato já que não existem leis).

- Estudei detalhadamente o contrato de entrada em casa, vi que permitem qualquer raça, todos os sexos e tem seguro de acidentes embutido, além disso o preço é acessível e aceitam o papel-moeda do meu banco com pequeno deságio.

- Comprei também todas as avaliações de empresas certificadoras dos brinquedos e comidas vendidas no parque, a avaliação da comida estava meio ruim, teremos que levar rango de casa, o contrato do parque não prevê socorro em caso de intoxicação e meu plano de saúde cobra o olho da cara por este serviço.

- O único problema é que ele foi montado meio longe de meu condomínio.

- Comprei um mapa da cidade onde estão especificados todos pedágios de avenidas e calçadas que terei que utilizar para chegar lá, demarquei o caminho mais curto e a soma total ficou cara mas ainda cabe no orçamento, mas peraí, uma das avenidas só permite brancos e crioulos e minha esposa é asiática, terei que pegar uma via alternativa que aumentará a viagem em 30 minutos e cujo pedágio é mais caro!

- Droga! - Uma das calçadas que terei que transitar com a família não oferece segurança, meu orçamento não dá para pagar um policial privado para nos escoltar neste trecho, terei que ir armado, só que não permitem entrar armado no parque!

- É..., parece que passaremos outro domingo no parquinho do condomínio fazendo piquenique, quem sabe quando o parque voltar ano que vem?"

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