Contos

terça-feira, 24 de agosto de 2010

EPIC FAIL

Sobre o debate na Rede Vida:

Tirado daqui.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sentença do carpinteiro: the aftermath

Quando estava na Faculdade, e estagiava na Vara Especializada em Relações de Consumo da Comarca de Itabuna, me deparei com uma sentença inusitada da lavra do Dr. Gerivaldo Neiva, Juiz de Direito da Comarca de Conceição do Coité.

Numa sentença que corria a léguas do juridiquês, o magistrado resolveu o mérito de uma ação bastante comum, envolvendo responsabilidade por vício no produto, entre um marceneiro e a Siemens e as Lojas Insinuante.

Condenou a Insinuante a devolver o valor pago no aparelho (R$170,00) e a Siemens, a dar um outro aparelho, novo, sob pena de multa diária de R$100,00.

Sempre tive curiosidade em saber qual foi o fim da ação. Na época, creio, a comarca de Coité não estava integrada ao Saipro, pois busquei e não localizei a movimentação processual. A Siemens embargou? Pagou? Recorreu?

Hoje, no Twitter, perguntei a Dr. Gerivaldo



sábado, 14 de agosto de 2010

Para a velhinha de Taubaté ver

Dilma, no Estadão:

"Pode dizer ao Stédile que não tem essa de sair por aí invadindo e achar que vai ser moleza. Porque não vai ser não."

Vocês acreditam nela?

Nem eles.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A moralidade somos nozes

A candidata de Lula do PT à presidência, Dilma Roussef, foi entrevistada ontem no Jornal Nacional. Questionada - suprema heresia de William Bonner! - sobre o fato de o PT, outrora adversário de "ínclitos" como Collor, Sarney, Jader Barbalho e Renan Calheiros, hoje ser deles aliado, ela respondeu:

“Acho que o PT não tinha tanta experiência, sabe, Bonner?, eu reconheço isso. Ninguém pode achar que um partido como o PT, que nunca tinha estado no governo federal, tem, naquele momento, a mesma experiência que tem hoje. Acho que o PT aprendeu muito, mudou, porque a capacidade de mudar é importante.”

À primeira vista temos a impressão de que Dilma e o PT são adeptos do poema clássico de Edson Marques: "Mude, mas comece devagar, por que a direção é mais importante que a velocidade...".

Durante os anos 80 o PT organizou o "Fora Sarney". Nos anos 90, o "Fora Collor", que redundou no impeachment daquele presidente, seguido do "Fora FHC", sempre dizendo perseguir o imperativo da "ética na política".

A resposta de Dilma, em suma, diz que o PT é uma espécie de norte moral da bússola ética do Brasil e está certo mesmo quando muda 180° nas suas posições.

A respeito disso, Olavo de Carvalho escreveu em 1994 (quando Collor e sua Caterva ainda estavam no rol dos Inimigos da Pátria Ética petista):

"Que, no caótico senso comum brasileiro, o termo Estado Ético tenha ressonâncias moralizadoras inteiramente alheias ao seu verdadeiro intuito, mostra apenas que o público nacional ignora a inspiração diretamente gramsciana do Movimento pela Ética na Política e nem de longe suspeita que seu único objetivo é politizar a ética, canalizando as aspirações morais mais ou menos confusas da população de modo a que sirvam a objetivos que nada têm a ver com o que um cidadão comum entende por moral. O Estado Ético, na verdade, não apenas é compatível com a total imoralidade, como na verdade a requer, pois consolida e legitima duas morais antagônicas e inconciliáveis, onde a luta de classes é colocada acima do bem e do mal e se torna ela mesma o critério moral supremo. Daí por diante, a mentira, a fraude ou mesmo o homicídio podem se tornar louváveis, quando cometidos em defesa da "nossa" classe, ao passo que a decência, a honestidade, a compaixão podem ter algo de criminoso, caso favoreçam a classe adversária. (...) A participação intensa de intelectuais marxistas na campanha pela "Ética na Política" é um sinal seguro de que essa campanha não moralizará a política, mas apenas politizará a ética, tornando-a uma serva de objetivos intrinsecamente imorais. Quem viver, verá"

Confiram a entrevista:



sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Jaiminho da pátria

O debate entre os candidatos a presidente ontem, na Band, mostrou bem as alternativas dos eleitores: Um candidato da esquerda light (Serra - PSDB), a esquerda aparelhadora (Dilma - PT), a esquerda green (Marina - PV) e a esquerda antediluviana (Plínio - PSOL).

Serra, o tal "neoliberal", da "direita", chegou mesmo a fazer uma apologia da manutenção dos Correios como Estatal. Ou seja, no pacote do Estado Interventor, Estado "do Bem Estar", continuaremos a ter, sem dúvida, o Estado Jaiminho, responsável pela entrega de cartas do Oiapoque ao Chuí.

Victory is mine!


"... só sei que foi assim!"

Um dos trabalhos mais difíceis do advogado é instruir a sua testemunha para que ela esteja afinada com a sua tese. De nada adianta arrolar uma testemunha se ela pode ser desastrosa para a sua tese, seja por lembrar de algo que deveria ter esquecido, como esquecido de algo que deveria ter lembrado ou, pior, querer florear a verdade e acabar se contradizendo. É sério: a tese perde credibilidade, e a testemunha arrisca ser presa.

Por isso não é aconselhável arrolar testemunhas quando sua tese é frontal à verdade dos fatos e a testemunha não tem talento e sangue-frio para mentir.

Patrocino uma ação contra uma empresa de ônibus regional. Meu cliente alega ter sido ofendido com palavras de baixo calão pelo motorista de um ônibus da empresa, depois de ter reclamado de uma atitude deste.

A tese da empresa é a de que não houve nenhum incidente. Meu cliente teria entrado mudo e saído calado, bem assim o motorista. Não houve acordo, seguimos para a audiência de instrução.

Arrolei uma testemunha que viu a discussão e as ofensas. A empresa arrolou o motorista (que foi ouvido como informante) e a cobradora do veículo.

O motorista informou que meu cliente teria dito, sem razão aparente, que ia dar queixa da empresa, mas que ele, o motorista, não lhe respondeu. Já a testemunha demonstrou uma habilidade que deveria ser investigada por uns cientistas nos EUA:

Juíza: "O que o autor falou quando entrou no ônibus?"
Testemunha: "Nada. Ele só me perguntou o nome do motorista, e não disse mais nada. Só que ele 'tava retado' por que pensou que o ônibus ia passar direto pelo ponto."
J: "Mas o que ele disse nessa hora?"
T: "Nada!"
J: "E como você sabe que ele 'tava retado'?"
A testemunha, então, lançou um olhar desesperado para a advogada da empresa, e lascou: "Não sei!"
J: "Como, não sabe?"
T: "Não sei!"

Não questionei em nada a testemunha - Como poderia? Ela, por si só, apresentou uma versão inverossímil do que ocorreu.

É como diria Saint-Exupéry: "Tu te tornas eternamente responsável pela testemunha que arrolas"


- "Não me arrole pra ser testemunha não, por favor?"
- "Largue de bestage e decore a estória que te ensinei"