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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Uzistudantis



Quem já visitou um congresso estudantil visitou todos. Sério. Palavra de quem já esteve em congresso secundarista e congresso universitário. Os discursos são os mesmos, os tipos humanos são os mesmos..... Se der bobeira, as mesmas pessoas que eram estudantes quando eu fui para o Congresso da UBES em 2001 ainda são estudantes hoje!

Vejam um exemplo. Marcelo Gavião, da UJS (braço jovem do PC do B), foi eleito diretor da regional Bahia da UBES - União Brasileira dos Estudantes Secundaristas - no congresso que eu fui, em Salvador, no ano de 2001. Depois foi presidente nacional da UBES. Hoje é o presidente da UJS. Eu não sabia, mas Marcelo Gavião tem 30 anos. Nasceu em 1979. Começou a militar no movimento secundarista em 1996 - quando tinha 17 anos de idade. Quando foi eleito diretor da UBES tinha 22 anos. Tinha 27 anos quando foi eleito presidente nacional da entidade. Hoje, aos 30, é o presidente da ala juvenil do Partidão....
Dúvidas? Confiram aqui, aqui, e aqui.

Algo contra Gavião? Não, ele é apenas um exemplo. Vejam bem: em 1996 ele era secundarista, certo? Tinha 17 anos. Idade certa. Em 2006, uma década depois, vejam só, ele permanecia secundarista! Mais, era o presidente da entidade que se propõe a representar os estudantes secundaristas!

Que isso tem a ver com o Congresso da UNE? Tudo. Vejam o presidente novo da UNE: O cabra tem 27 anos de idade. Entrou para o movimento estudantil sabem quando? Quando tinha 19 anos, no primeiro ano de faculdade. Ou seja: 2001, o ano em que eu estava no 2º ano no ensino médio, participando de um congresso em que vi sendo eleito Marcelo Gavião, então lá pelo 10º ano do ensino médio. Duvidam? Leiam aqui.

Esses Congressos acabam virando uma grande farra: De um lado, estudantes que vão para viajar, conhecer gente, beber, fumar, transar, como um Woodstock redivivo. Doutro lado, representantes de partidos políticos brigando para colocar ou manter a organização na sua órbita de influência. Alguns analfabetos pseudopolitizados ficam transitando entre um grupo e outro. O vídeo mostra isso claramente. No final, deixam o rastro desta grande farra democrática.

Os movimentos estudantis, como todo movimento de massa, tomam posse dos movimentados. Quando dizem aos estudantes "Lutamos pelos nossos interesses", usam a 2ª pessoa do plural para parecer que são "nós", estudantes, quando na verdade são "nós", os políticos. Prova disso é a postura - cínica - da UNE/UBES sobre a corrupção. Falam com orgulho do "Xô, Sarney", "Fora Collor" - eu vivi uma era de efervescência "Fora FHC/Fora ACM" - aprovaram agora um "Fora Yêda" para a governadora tucana do RS, mas chamam de "Golpe" qualquer tentativa, vejam só, de investigar Lula e sua trupe. E pouco importa de Lula se abraça a Collor e defende Sarney. Como disse a estudante aos 5:21 do vídeo, Lula pode, tem uma história.

Arram.

No fim, a prova cabal da desimportância moral da UNE/UBES é simples: Como podem estudantes que não estudam se arvorarem a representar os interesses dos estudantes que estudam?


Um comentário:

Victor Eloy disse...

Posso apostar que, pra continuar militando desde a adolescência, esses "estudantes" entram com recurso especial na Justiça para continuar matriculados em suas respectivas instituições de ensino além do tempo máximo permitido, :D